
Eu já dancei balé. Já sapateei. Já cantei no palco e no chuveiro. Já frequentei reunião de câmara. Já não soube que podia. Já quis voar. Já descobri que eu voo. Já quis muito um príncipe encantado e agora eu tenho. Já sonhei com o que não queria. Com o que podia. Com o que não podia. Com o que não precisava. E tudo passou. Já tive medo de filme de terror. E já, a mais tempo, não tive medo de terror. Já me achei invencível. Agora me acho humana.
Já soltei pipa, comprei bolacha da Irmã Adelaide e toquei o sino da Irmã Socorro. Já lutei pelo que eu quis. Já me omiti diante de grandes desejos que julguei serem inatingíveis. Para descobrir mais tarde que eles eram muito mais possíveis do que eu pensava. E me arrependi de não ter tentado. Já chorei por todos os motivos do mundo, inclusive de ódio, de saudade e quando eles destroem a porta no Monstros S.A. Já tive amigos longe e não valorizei os que tavam perto. Já tive amigos perto e não valorizei os que tavam longe. Aí agora eu valorizo todo mundo, mas o mundo passa por cima de mim toda vez que eu tento demonstrar isso a eles. Portanto, saibam disso.
Já amei demasiadamente. Atualmente, amo mais ainda. Os amigos, a família e todos aqueles que se encaixam nas duas categorias ao mesmo tempo. Já tive diário, tenho blog, tenho vários caderninhos de anotações da vida. Já bloqueei a minha infância pra depois lembrar que ela foi muito mais legal do que eu podia imaginar. Já provei um monte de coisas, para no final chegar a conclusão que eu gosto mesmo é de goiaba. Já tentei me fazer entender. Várias vezes.
Hoje eu prefiro que você simplesmente me sinta e diga o que você acha.